Eu sobrevivi ao Holocausto

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“A vocês eu devo a vida e todo amor que recebi, amor que posso sentir até hoje.” (Dedicatória de Nanette Blitz Konig a seus pais).

Há tudo para dizer deste livro. Por isso temo pecar em não conseguir abrangê-lo. O acontecimento, incompreensível. A mensagem de Nanette, mais do que um dever de todas as gerações posteriores em tomar como lição, que o homem deva ser tolerante e nada mais que HUMANO. Com toda a razão que possa usar em enxergar a liberdade do outro. Sem nos perder em concepções e ideologias que venham a nos tornar desumanos em nome disso ou daquilo.

O Holocausto deve ser lembrado. Ele vai se distanciando das gerações, mas é preciso recontá-lo. Para não perder a ciência de que houve um momento longo de barbárie na história da humanidade. Assim como o período da escravidão no Brasil, e assim como acontece com milhares de pessoas submetidas a trabalho escravo. Impossibilitadas de pedirem socorro, por estarem ignoradas pelo mundo. São situações em que se passou da perda involuntária da vida livre para uma vida subjugada, de tristeza, infelicidade, sofrimento.

O direito de ser livre. Para viver, para escolher, para transitar, para se estabelecer, e até para morrer, respeitando o direito de igual valor do outro. Não há bem maior que o homem deva reconhecer no próximo.

Não havia como comentar este livro. Sua essência nos deixa assim: perplexos, indignados, sentindo um dever que nos é devido mas que não sabemos o quê. Devemos ser ao menos uma voz que não se cala. Que deve se juntar à de Nanette, à de seu livro, e que não se deva distorcer.

A história concedamos a ele, o livro, para nos contar. Os momentos por que passou Nanette, o que estava vivendo em cada instante, sentindo, pensando… Ela consegue nos passar e nos faz acompanhar sua angústia e dos seus. Como a vida de milhões de pessoas pode ter sido atropelada cruelmente como foi?

Reescrevo aqui uma passagem citada por ela, na introdução de seu livro, para finalizar meu humilde comentário: “Como disse George Santayana, filósofo e poeta espanhol: “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.”” KONIG (2015: 9). Eu sobrevivi ao Holocausto é meu livro da mochila.

(KONIG, Nanette Blitz. Eu sobrevivi ao Holocausto. São Paulo: Universo dos Livros, 2015. 192 p.)

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“Por meio de um depoimento ao mesmo tempo sensível e brutal, ela questiona a capacidade de compaixão do ser humano, alertando o mundo sobre a necessidade urgente da tolerância entre os homens.” KONIG (2015: quarta capa)

 

Autor: Nádia Ione

Eu sou Nádia, professora de Língua Portuguesa, amante de leitura, de histórias, de versos e canções, de prosa e reflexões. Da arte da palavra e do que ela é capaz de nos encantar.